Necrim inicia mapeamento de crimes de menor potencial ofensivo

Projeto é inédito no estado de São Paulo, segundo o delegado Edivaldo Ravenna Picazo

19/12/2012 - 02h32

<p style="text-align: justify;">O N&uacute;cleo Especial Criminal &ndash; NECRIM, &oacute;rg&atilde;o da Pol&iacute;cia Civil que tem como objetivo diminuir a incid&ecirc;ncia de crimes de menor potencial ofensivo, come&ccedil;ou a fazer um mapeamento in&eacute;dito no estado de S&atilde;o Paulo. De acordo com o Delegado de Pol&iacute;cia Edivaldo Ravenna Picazo, &ldquo;com a iniciativa &eacute; poss&iacute;vel que a popula&ccedil;&atilde;o se conhe&ccedil;a melhor e identifique seus pequenos conflitos para combat&ecirc;-los, de modo a promover uma pacifica&ccedil;&atilde;o da comunidade&rdquo;. Todo o projeto &eacute; disponibilizado &agrave; comunidade gra&ccedil;as &agrave; parceria entre o Centro Universit&aacute;rio de Araraquara &ndash; Uniara e a Pol&iacute;cia Civil da cidade.<br />Entre os crimes de menor potencial ofensivo com os quais o N&uacute;cleo lida, est&atilde;o as les&otilde;es corporais dolosas, como agress&otilde;es, crimes de inj&uacute;ria, difama&ccedil;&atilde;o e amea&ccedil;a, e les&otilde;es corporais culposas, decorrentes de acidentes de tr&acirc;nsito. &ldquo;Esse grupo de crimes, embora relativamente brandos, podem gerar consequ&ecirc;ncias mais graves&rdquo;, comenta Picazo.<br />Ele explica que, com o estudo, &eacute; poss&iacute;vel identificar os locais onde ocorrem, quem s&atilde;o os praticantes, sua idade e grau de escolaridade. &ldquo;Estamos mapeando a cidade para, com isso, conseguir a cria&ccedil;&atilde;o de pol&iacute;ticas p&uacute;blicas municipais a fim de pacificar a sociedade. Portanto, a inten&ccedil;&atilde;o &eacute; diminuir um grande n&uacute;mero de criminosos, o que facilitar&aacute; investiga&ccedil;&otilde;es de grandes crimes praticados por grupos organizados&rdquo;, detalha o delegado, que afirma que outros NECRIMs trabalham com menos crimes do que o de Araraquara, geralmente com les&atilde;o corporal culposa e acidentes de tr&acirc;nsito. &ldquo;A nossa proposta &eacute; lidar com todos os tipos de crimes de menor potencial ofensivo&rdquo;, completa.<br />A pessoa que sofrer um crime dessa natureza deve procurar a delegacia de pol&iacute;cia de seu bairro e fazer o boletim de ocorr&ecirc;ncia.&nbsp;Por sua vez, a delegacia o enviar&aacute; ao NECRIM que, posteriormente, ir&aacute; chamar o acusado para o trabalho de pacifica&ccedil;&atilde;o. Ele recebe uma notifica&ccedil;&atilde;o com o dia e hor&aacute;rio de comparecimento em sua resid&ecirc;ncia.<br />O N&uacute;cleo est&aacute; localizado na avenida Dom Pedro II, 764, no centro de Araraquara. Mais informa&ccedil;&otilde;es podem ser obtidas pelo telefone (16) 3333-4243.&nbsp;<br /><br />N&uacute;meros<br /><br />O primeiro levantamento foi feito entre junho e novembro deste ano. Foram analisados noventa boletins de ocorr&ecirc;ncia, sendo trinta referentes a les&otilde;es corporais dolosas, trinta a amea&ccedil;as e trinta a les&otilde;es corporais culposas, totalizando 10% de amostragem de um total de novecentos B.O.&rsquo;s.<br />A estagi&aacute;ria do NECRIM, Fabiana Virg&iacute;lio, que cursa o primeiro ano de Direito da Uniara, apresenta alguns dados da pesquisa. Em rela&ccedil;&atilde;o &agrave; les&atilde;o corporal dolosa, 33% dos autores dos crimes est&atilde;o na faixa dos 40 a 49 anos, sendo 73% do sexo masculino e com 50% tendo estudado somente at&eacute; o primeiro grau. &ldquo;34% desses autores se identificam como aut&ocirc;nomos ou desempregados. Essas pessoas, dentro da faixa et&aacute;ria mencionada, provavelmente j&aacute; est&atilde;o fora do mercado de trabalho, com baixa estima e poss&iacute;veis problemas de alcoolismo&rdquo;, ressalta.<br />Segundo ela, outro dado curioso &eacute; o fato de 7% da amostragem se identificar como atleta e outros 7% como seguran&ccedil;a. &ldquo;Isso chama a aten&ccedil;&atilde;o porque s&atilde;o pessoas que precisam ter um equil&iacute;brio emocional, j&aacute; que trabalham o corpo para seguirem nas profiss&otilde;es e evitar os conflitos&rdquo;, reflete Fabiana.<br />Quanto &agrave;s amea&ccedil;as, o mapeamento constatou que 73% dos autores s&atilde;o do sexo masculino, 33% contam com somente o primeiro grau nos estudos e 30% deles t&ecirc;m entre 30 e 39 anos. Al&eacute;m disso, 24% se dizem aut&ocirc;nomos ou desempregados.<br />E sobre as les&otilde;es corporais culposas, 30% dos autores t&ecirc;m entre 15 e 29 anos, sendo 77% do sexo masculino, dos quais 17% afirmam ter profiss&atilde;o de motorista. &ldquo;Com isso, &eacute; poss&iacute;vel detectar um excesso de confian&ccedil;a desses jovens atr&aacute;s do volante&rdquo;, diz a estagi&aacute;ria.<br />O levantamento demonstra que 37% das ocorr&ecirc;ncias acontecem na regi&atilde;o central da cidade, com 22% dos envolvidos residentes em outros munic&iacute;pios. &ldquo;O restante dos envolvidos nos acidentes de tr&acirc;nsito moram em diversos bairros de Araraquara. Tudo isso mostra claramente que esses indiv&iacute;duos dirigem principalmente em seus respectivos bairros e que, quando v&ecirc;m para o centro, envolvem-se em problemas desse tipo&rdquo;, complementa.<br />Fabiana ainda destaca que existe um equil&iacute;brio entre as porcentagens das faixas et&aacute;rias dos motoristas. &ldquo;S&atilde;o 23% entre 30 e 39 anos, 23% entre 40 e 49 e outros 23% acima de 50 anos&rdquo;, finaliza.</p>