<p style="text-align: justify;">O Núcleo Especial Criminal – NECRIM, órgão da Polícia Civil que tem como objetivo diminuir a incidência de crimes de menor potencial ofensivo, começou a fazer um mapeamento inédito no estado de São Paulo. De acordo com o Delegado de Polícia Edivaldo Ravenna Picazo, “com a iniciativa é possível que a população se conheça melhor e identifique seus pequenos conflitos para combatê-los, de modo a promover uma pacificação da comunidade”. Todo o projeto é disponibilizado à comunidade graças à parceria entre o Centro Universitário de Araraquara – Uniara e a Polícia Civil da cidade.<br />Entre os crimes de menor potencial ofensivo com os quais o Núcleo lida, estão as lesões corporais dolosas, como agressões, crimes de injúria, difamação e ameaça, e lesões corporais culposas, decorrentes de acidentes de trânsito. “Esse grupo de crimes, embora relativamente brandos, podem gerar consequências mais graves”, comenta Picazo.<br />Ele explica que, com o estudo, é possível identificar os locais onde ocorrem, quem são os praticantes, sua idade e grau de escolaridade. “Estamos mapeando a cidade para, com isso, conseguir a criação de políticas públicas municipais a fim de pacificar a sociedade. Portanto, a intenção é diminuir um grande número de criminosos, o que facilitará investigações de grandes crimes praticados por grupos organizados”, detalha o delegado, que afirma que outros NECRIMs trabalham com menos crimes do que o de Araraquara, geralmente com lesão corporal culposa e acidentes de trânsito. “A nossa proposta é lidar com todos os tipos de crimes de menor potencial ofensivo”, completa.<br />A pessoa que sofrer um crime dessa natureza deve procurar a delegacia de polícia de seu bairro e fazer o boletim de ocorrência. Por sua vez, a delegacia o enviará ao NECRIM que, posteriormente, irá chamar o acusado para o trabalho de pacificação. Ele recebe uma notificação com o dia e horário de comparecimento em sua residência.<br />O Núcleo está localizado na avenida Dom Pedro II, 764, no centro de Araraquara. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (16) 3333-4243. <br /><br />Números<br /><br />O primeiro levantamento foi feito entre junho e novembro deste ano. Foram analisados noventa boletins de ocorrência, sendo trinta referentes a lesões corporais dolosas, trinta a ameaças e trinta a lesões corporais culposas, totalizando 10% de amostragem de um total de novecentos B.O.’s.<br />A estagiária do NECRIM, Fabiana Virgílio, que cursa o primeiro ano de Direito da Uniara, apresenta alguns dados da pesquisa. Em relação à lesão corporal dolosa, 33% dos autores dos crimes estão na faixa dos 40 a 49 anos, sendo 73% do sexo masculino e com 50% tendo estudado somente até o primeiro grau. “34% desses autores se identificam como autônomos ou desempregados. Essas pessoas, dentro da faixa etária mencionada, provavelmente já estão fora do mercado de trabalho, com baixa estima e possíveis problemas de alcoolismo”, ressalta.<br />Segundo ela, outro dado curioso é o fato de 7% da amostragem se identificar como atleta e outros 7% como segurança. “Isso chama a atenção porque são pessoas que precisam ter um equilíbrio emocional, já que trabalham o corpo para seguirem nas profissões e evitar os conflitos”, reflete Fabiana.<br />Quanto às ameaças, o mapeamento constatou que 73% dos autores são do sexo masculino, 33% contam com somente o primeiro grau nos estudos e 30% deles têm entre 30 e 39 anos. Além disso, 24% se dizem autônomos ou desempregados.<br />E sobre as lesões corporais culposas, 30% dos autores têm entre 15 e 29 anos, sendo 77% do sexo masculino, dos quais 17% afirmam ter profissão de motorista. “Com isso, é possível detectar um excesso de confiança desses jovens atrás do volante”, diz a estagiária.<br />O levantamento demonstra que 37% das ocorrências acontecem na região central da cidade, com 22% dos envolvidos residentes em outros municípios. “O restante dos envolvidos nos acidentes de trânsito moram em diversos bairros de Araraquara. Tudo isso mostra claramente que esses indivíduos dirigem principalmente em seus respectivos bairros e que, quando vêm para o centro, envolvem-se em problemas desse tipo”, complementa.<br />Fabiana ainda destaca que existe um equilíbrio entre as porcentagens das faixas etárias dos motoristas. “São 23% entre 30 e 39 anos, 23% entre 40 e 49 e outros 23% acima de 50 anos”, finaliza.</p>