Renata Fattah, coordenadora de Direitos Humanos, falou sobre as políticas públicas voltadas para essa população em Araraquara
Fotógrafo: Divulgação
20/06/2023 - 21h11
Programa produzido pela Secretaria Municipal de Comunicação, o "Canal Direto com a Prefeitura" abordou nesta terça-feira (20) o Dia Mundial do Refugiado, data internacional designada pelas Nações Unidas para homenagear as pessoas refugiadas em todo o mundo. Ele ocorre todos os anos em 20 de junho e celebra a força e a coragem das pessoas que foram forçadas a deixar seu país de origem em razão de conflitos ou perseguições. Para falar sobre o assunto, o programa contou com a participação da coordenadora executiva de Direitos Humanos, Renata Fattah.
A coordenadora destacou que atualmente cresce o número de refugiados ao redor do mundo, o que torna o debate em torno desse assunto ainda mais relevante. "O tema passa a ser mais debatido ao momento que a cada dia vai crescendo esse número de refugiados. Eu trago aqui o número da ACNUR, que é o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados. Ela menciona que em 2013 nós tivemos 51,2 milhões de pessoas forçadas a se deslocar. Dez anos depois, 2023, mais de 110 milhões de pessoas foram forçadas a se deslocar, então obviamente esse tema passa a ser debatido conforme o aumento significativo de refugiados pelo mundo", apontou.
Renata revelou que a xenofobia é um dos problemas enfrentados por essas pessoas, mas não o único. "Quando falamos do acolhimento, eu sempre falo que o refugiado é uma somatória de costumes, de idiomas, de religiões. Eu sempre brinco, falo que ninguém acorda em um belo dia e pensa que está sem nada para fazer, que sua vida está pacata, e decide se refugiar em um outro continente, com outro idioma, outros costumes, deixar as pessoas que ama, a família, os amigos, para sofrer xenofobia, racismo, preconceito. Não, as pessoas buscam refúgio, buscam imigração, muitas vezes por uma questão de necessidade, muitas vezes por uma questão de uma segunda chance da vida. A xenofobia é um dos principais desafios, mas não único", frisou.
Assim como muitas cidades ao redor do mundo, Araraquara também recebe diariamente refugiados de diversas nacionalidades. "Os países de origem modificam conforme algum conflito, alguma perseguição política. Temos recebido hoje um número muito significativo de venezuelanos na cidade. Temos recebido também um número significativo de pessoas do Afeganistão, mais em decorrência do que tem acontecido ultimamente nos respectivos países, mas também temos recebido cubanos, sírios, entre outros refugiados de diversas origens e países", confirmou.
Renata Fatah também falou sobre as políticas públicas desenvolvidas pela Prefeitura de Araraquara para atender essa população. "Na Secretaria de Direitos Humanos e Participação Popular, conjuntamente com outras secretarias, em especial a de Assistência Social, temos políticas públicas como uma maneira de inserir e acolher esses refugiados. O CRAS acaba sendo a primeira porta de entrada de boa parte deles e a Assistência Social tem sido bastante parceira com relação a isso. Mas em conjunto com outras secretarias como a da Educação e a própria Escola de Governo, lançamos um curso para imigrantes para que eles tenham maiores informações sobre os serviços públicos prestados no município. Muitos deles chegam aqui e não têm conhecimento em relação aos direitos à saúde, à educação, ao lazer", ressaltou.
A primeira aula do Curso para Imigrantes aconteceu no último sábado (17) e a atividade terá sequência neste sábado (24). "Esse curso ele tem o objetivo de trazer informações básicas, mas que muitas vezes para eles se fazem muito necessárias. Também estamos construindo um curso de português para imigrante, juntamente também com a Secretaria da Educação e a Escola de Governo. As aulas provavelmente começam em agosto, também em parceria com a UNESP, que tem sido um grande parceiro nosso. Entre outras políticas que temos promovido, pegamos a sede da secretaria em busca de centralizar as demandas ali, principalmente a questão da regularização desses imigrantes refugiados. Muitos deles, quando chegam aqui no município, chegam de maneira irregular ou muitas vezes têm dificuldade de regularizar, de pedir a emissão do CRNM, que é a Carteira de Registro Nacional Migratório, e o CPF. Então estamos centralizando porque o primeiro passo é regularizá-los e consecutivamente ir promover políticas públicas para inseri-los na sociedade", pontuou.
Assim, os refugiados que se encontram em Araraquara podem procurar a sede da Secretaria de Direitos Humanos e Participação Popular, que fica na Rua Voluntários da Pátria, 2438, Centro.
História familiar
Renata Fattah falou também sobre a história de sua família, que está diretamente ligada à questão do refúgio e da imigração. "Eu sou filha e neta de refugiados, de imigrantes. Eu sempre falo que a minha família se espalhou pelo mundo, então eu tenho familiares que moram no Oriente Médio, outros que acabaram indo para a América do Norte, outros que vieram para a América do Sul. Meu pai é refugiado da Palestina e a minha mãe é imigrante do Kwait. O meu pai veio em razão do conflito que existe na Palestina com Israel. Uma boa parte da família dele acabou migrando para cá, enquanto a minha mãe acabou vindo sozinha. A família dela acabou buscando refúgio em outros países como Jordânia, o próprio Estados Unidos. Minha mãe acabou vindo para cá sozinha, se casou e constituiu uma família", revelou a coordenadora.
Ela citou esse exemplo para reforçar que o refugiado ou o imigrante busca um outro território por uma razão de sobrevivência. "Ninguém pede pra nascer em um país que tenha conflito armado, que tenha perseguição política. As pessoas, quando buscam refúgio ou imigração, é por uma questão de se reconstruir. Meu pai veio para cá, minha mãe veio para cá e hoje somos muito felizes de ter vindo para Araraquara, que é uma cidade acolhedora, uma cidade onde construímos a família. Eles se reergueram como seres humanos porque o refugiado também tem o seu direito de ser feliz", acrescentou.
Ao vivo
O “Canal Direto com a Prefeitura” vai ao ar de segunda a quinta-feira, às 12h30, na página da Prefeitura no Facebook. A íntegra dos programas continua disponível para visualização no próprio Facebook e em outras plataformas digitais, incluindo o formato de podcasts.