Edir Macedo erra em querer ser a Globo e não se inspirar em Silvio Santos como exemplo

Autor: Paulo Carvalho
Fonte: http://www.bastidoresdatv.com.br/colunas/edir-macedo-erra-em-querer-ser-globo-e-nao-se-inspirar-em-silvio-santos-como-exemplo 09/02/2017 - 19h24

Televisão

Bispo Edir Macedo, líder e fundador da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) e proprietário da Rede Record, desde que resolveu declarar guerra à Rede Globo, ao entrar no ramo da comunicação, tornou a obsessão pela liderança e a vingança de derrotar quem quis atrapalhar seus projetos de “evangelização”, esqueceu de tomar como exemplo o apresentador e empresário Silvio Santos, dono do SBT, concorrente da RecordTV e sócio na nova empresa que visa vender o conteúdo das duas emissoras e da RedeTV! para as operadoras de TV por assinatura.

Macedo sempre deixou claro que seu objetivo é a liderança de audiência, desde quando comprou a TV Record, de Silvio Santos, por intermédio de “terceiros”. O bispo nunca engoliu uma reportagem da Globo que mostrou imagens ocultas do líder da Universal, supostamente ensinando os pastores a “tirar mais dinheiro dos fiéis”. Com a Record, Macedo quis derrubar a Globo, contratando nomes da concorrente e se “inspirando” na programação da líder. Investiu pesado, em grande parte, não com recursos próprios, mas com a fortuna milionária paga anualmente pela sua Igreja, pelas madrugadas da sua emissora de TV.

Enquanto isso, Silvio Santos teve que criar alternativas para tornar o SBT pagável. Foram anos operando no vermelho. Foi graças ao Baú da Felicidade e mais tarde, da Liderança Capitalização, que o empresário conseguiu manter a emissora no ar, por tantos anos. Mais recentemente, a Jequiti se tornou outra grande mantenedora do SBT. Enquanto Silvio Santos vende sonhos e a possibilidade real de mudar de vida, Macedo mantém seu Império pessoal, com a exploração da fé e o dízimo pago pelos fiéis. Enquanto um vendia o sonho da casa própria ou de ganhar R$ 1 milhão, outro vendia um “terreno no céu”.

A Prefeitura do Rio, deve patrocinar o primeiro filme da trilogia que contará a vida do bispo Macedo e que poderá ter o ator Petrônio Gontijo, como protagonista. Através da RioFilme, o patrocínio se dará devido “a importância do desenvolvimento da indústria audiovisual carioca”. É o que justifica a administração do prefeito Marcelo Crivella, bispo da Universal e sobrinho de Macedo. Certamente, num momento de crise econômica no Rio, que atinge todas as áreas básicas, a prioridade da cidade é o filme do tio. Outrora, apenas pelo horário nas madrugadas da Record, a IURD paga cerca de R$ 600 milhões, anualmente, para a emissora, fora o que é gasto com as demais emissoras, onde compra espaço. Se há tanto dinheiro em caixa, qual a necessidade de contar com recursos públicos para contar a vida da maior vitrine da Igreja Universal? A trilogia deve custar R$ 50 milhões.

Enquanto isso, Silvio estreou em dezembro, no Museu da Imagem e do Som (MIS), uma Mostra que conta sua trajetória. A iniciativa partiu de terceiros e por determinação de Silvio, não contou com recursos públicos para sua viabilização. Silvio fez duas exigências. A primeira: nada de recursos da Lei Rouanet (a mostra conseguiu dois patrocinadores sem redução fiscal). A segunda: nada de envolver o SBT diretamente nos trabalhos. Um outro projeto, nunca saiu do papel, justamente porque Silvio não quer dinheiro público para ser retratado no cinema, além de dizer que acredita numa profecia cigana de que não pode dar entrevistas ou ter a vida retratada em filme, pois senão morreria no dia seguinte. Uma biografia não-autorizada foi lançada sobre Silvio Santos. Recentemente, uma biografia autorizada e escrita pelo diretor nacional de jornalismo da Record foi lançada, contando a vida do bispo Macedo. E é justamente a biografia, que apenas se encerra com a morte, que torna uma pessoa, um mito de verdade!

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